domingo, 22 de outubro de 2017

Breve análise do filme O Menino do Pijama Listrado

Notadamente, observa-se que e quão perigosa pode ser uma ideologia libertária, que visa restabelecer a paz, contra os "inimigos da Nação", muitas das vezes aprisionando aqueles que deveriam ser irmãos, amigos, camaradas. Porque não podemos discordar uns dos outros e mesmo assim viver em paz? 
Tanto nesta película quanto em A Menina que roubava Livros, vê-se a Grande Guerra sob o olhar da criança, inocente que pensa estar sob a tutela de seu líder maior, seu protetor porém o que difere uma de outra é que nesta quem narra é o vivenciador dos fatos e na outra, um personagem fictício (ou não), a Morte.
Sob esse olhar, questões como Guerra, Nazismo, Hitlerismo são pensadas sob a ótica infantil e como esta pode ser moldada. 
Nota-se o uso do marketing pesado para justificar tais situações, buscando um bode expiatório para culpar e punir por usurpação daquilo que lhe é direito.
Observe que há a caricatura, bem representada diga-se de passagem, de duas figuras e aqui faço uma analogia com os dias atuais, onde há uma polarização entre Direita e Esquerda, entre Coxinhas e Mortadelas, onde a primazia é o discurso de ódio, de punição sem que haja defesa, deturpando aquilo que o direito configura como "in dubio pro reus", onde sábios e entendedores de leis, juízes das redes sociais julgam o outro por sua opinião que se for contrária à sua, é passível de punição, não visando o bem geral, mas tomando partido deste e daquele que está no poder, usufruindo-o para, segundo ele fazer 'o melhor para a Nação', mas que está levando-a à derrocada e que na visão de seus mantenedores é um sacrifício, um mal necessário para levá-la aos eixos do progresso.
Note aqui e no filme, o uso de dois personagens:
1. O engajado (representado pela garota Gretel), cujo pensamento se faz sempre em defesa dos valores nacionais em detrimento dos inimigos da Nação, que são maus e devem ser expurgados. Esta, vê o sujeito subjugado como sendo responsável e culpado por situações desastrosas, embaraçosas, tomando sempre a visão do vencedor de que pela sua força e desprendimento, levará seus semelhantes ao ápice da Glória, não importando como o fará, mas desde que o faça para o bem geral;
2. O influenciável ou inocente (representado pelo garoto Bruno), cuja mentalidade está em formação,mas que pode mudar drasticamente sua concepção à depender dos valores/situações a que este será submetido ou vivenciará durante o transcorrer dos fatos. Este não percebe sua importância ante os fatos, não julga ser capaz de opinar e quando o faz, não tem uma própria, sendo levado a crer que ele é um agente passivo da mudança e não nota que estão ocorrendo no tempo presente, acreditando num futuro decrépito que virá por meio de outros, os quais tomarão as decisões que ele deveria ter tomado. É um mero ser humano acomodado e que crer estar tudo bem, não tem ciência da situação de seu semelhante e pensa, que segundo foi-lhe dito e mostrado com provas "cabais" de que a situação de seu semelhante está ótima. Ele nem sequer chegou a checar se tais informações eram verídicas, mas que ele acredita serem-nas pois foram confiadas por seu superior e não se deve confrontar o seu superior...
Ao final este (o influenciável) foi, parafraseando uma citação bíblica, 'levado ao matadouro para ser imolado como um cordeiro'.

Souza.

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