segunda-feira, 5 de setembro de 2011

As potencialidades da história local para a produção em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba

Arnaldo Pinto Júnior. In: História: Área de Conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, 37-40 pag.
Nesse texto o autor faz alusão ao fato de se estudar a história local tomando por base não somente os fatos históricos atuais, mas buscando por meio de resgate de memória, documentos, registros, etc. Como citado na página 38, 2º parágrafo, linhas 11-15: “A recuperação de memórias locais (sejam elas individuais ou coletivas) abriria perspectivas para singularidades históricas muitas vezes descartadas pela história tradicional”.
Deixando de lado a cultura de que somente o que foi contado é o bastante, como ele cita em sua introdução, da página 37, 2º parágrafo, linhas 6-9: “Uma história geral que apaga as especificidades da história local em nome de uma versão completa busca manter versões dominantes.”; e na página 39, parágrafo 6º, linhas 1-12: “Colocando à prova o conjunto de informações de origem institucional, jornalística, publicitária, política... os alunos poderiam confrontá-las com as levantadas em pesquisa de campo. Na prática de pesquisa... procurariam levantar documentos locais e as memórias de pessoas que vivem na cidade para cruzar as ‘evidências’ encontradas durante o trabalho de busca’”.
Sendo assim, ele utiliza do pressuposto de que: “Assim, a história local pode ser utilizada não apenas para situar o aluno no seu tempo e espaço, mas também para destruir visões homogeneizadoras que se propagam com as versões históricas gerais”
, página 38, parágrafo 1º, linhas 11-16.

Usa do exemplo de Sorocaba e apresenta uma sugestão para enfocar o que havia dito anteriormente: “Observando a especificidade de Sorocaba, apresento uma proposta de ensino de história voltada para a recuperação das ‘experiências vividas’ nesse município, tendo como hipótese para a discussão em sala de aula a idéia de modernização, veiculada na cidade desde 1903 por alguns setores sociais que proclamaram se avanço através da denominação Manchester Paulista’”, página 38, parágrafo 3º, linhas 1-10.
Não sabendo que Sorocaba outrora fora “umas das maiores fornecedoras de animais para o transporte de carga na região Sudeste”, página 38, parágrafo 3º, linhas 17-20, ele sugere que foi o progresso que trouxe prosperidade e que acarretou os problemas surgidos de sua modernização, como deixa bem claro em: “seguindo a tendência liberal/evolucionista/progressista no campo das idéias no Brasil republicano, começaram a defender seu centro urbano como um espaço de prosperidade, onde as mais ‘modernas’ técnicas industriais eram aplicadas para o ‘bem de seus habitantes’, para o ‘crescimento de São Paulo e do Brasil’”, idem, ibidem, linhas 29-37; e: “Esse olhar ‘superior, científico, verdadeiro, sempre voltado para o futuro, para o progresso social’, construiu não só a Manchester Paulista industrial, ‘empregadora’, ‘facilitadora de vidas’ como também reafirmou a discriminação e o preconceito social, afastou os negros e muitas vezes o trabalhador nacional das tecelagens da cidade, mantendo estruturas sócio econômicas e culturais do período imperial, inviabilizando relações sócio políticas democráticas’”, idem, parágrafo 4º, linhas 11-23.
Isso fica mais evidente e explícito à medida que vai expondo essas opiniões: “A segregação, o preconceito e a discriminação racial e social são realimentados produzindo novas formas de conflitos, vistos mais uma vez pelas elites como ‘atos marginais’, contra a ordem e a segurança social”, página 39, parágrafo 5º, linhas 3-8.
Sendo assim, Arnaldo Pinto Júnior salienta “que sinais do passado estão imbricados na ‘realidade’ sócio cultural até hoje...” e considera “importante que os alunos possam questionar o discurso da Manchester Paulista, relacionando suas idéias fundamentais com a ‘realidade’ vividas por eles”, página 39, parágrafo 6º, linhas 1-7. Sugestiona que “esse trabalho de reflexão histórica pode trazer à tona alguns processos que não estão claros na história da cidade, ou por falta de estudos daquele determinado momento ou por falta de vontade política em esclarecer tal período”, idem, ibidem, linhas 7-13.
Todo o aprendizado e questionamento dos alunos sobre esses fatos apresentado acima devem ser acompanhados de perto pelo professor, sendo ele mediador nas questões levantadas: “acompanhando os alunos em suas análises e construções históricas, produzindo novos saberes sobre o município em que residem”, página 39, parágrafo 9º, linhas 17-21.
Após terem observado e indagado acerca de tudo o que foi apresentado, sempre buscando novas respostas, contradizendo tudo que foi escrito pelas elites, agora o aluno se sentirá “capaz de entender noções de tempo e espaço, permanências e mudanças, similaridades e diferenças”, sendo que ele “não precisa demonstrar a ‘segurança científica’ de um especialista tradicional”..., página 40, parágrafo 11, linhas 8-13.
Ao final, Arnaldo chega à conclusão de que estipulado esse processo supracitado, usando de embasamento a memória e documentos como anexos de uma história local, haverá uma conscientização de todos sobre o que for resultante daí.
Assim, com a união de professores e alunos para o bem comum, haverá novos laços sócio culturais, políticos, além de ocorrer uma quantidade maior de memórias, informações e opiniões, sem que haja anulação por ambas as partes do ensino-aprendizagem.